As décadas de 1960 e 1970 foram tempos de grandes alterações na obra e na vida de Júlio Pomar. Mudou-se de Lisboa para Paris e, depois da série bem conhecida das Tauromaquias, dedicou-se a novos temas de pintura, como as corridas de cavalos, o metropolitano e o Catch, explorando a representação formal do movimento, da velocidade, das forças em tensão. Realizou uma sequência intensa de exposições de sucesso nas duas capitais e teve importantes presenças em exposições internacionais, incluindo no Museu do Louvre, em 1971.
Júlio Pomar acompanhou com atenção crítica a muito rápida evolução das vanguardas do tempo, interessando-se pelo informalismo gestual, pelas novas figurações e pela Pop anglo-saxónica, além de estudar os «clássicos», como Uccello, Ingres, Courbet e outros. Embora sensível às ruturas da época, não seguiu grupos ou escolas, num processo muito pessoal de questionamento e experimentação da sua arte, que não era fácil de seguir pelo público e pela crítica. Em 1966, destruiu dezenas de quadros acabados ou em execução, e logo depois passou a criar objetos com materiais encontrados (assemblagens). Mudou então a orientação formal da sua pintura com as séries dedicadas ao Rugby e a Maio de 68, que não foram expostas na época e a que se seguiram as variações sobre O Banho Turco de Ingres e um ciclo de retratos, obras em que é nítida a relação com a pintura Pop norte-americana. As mudanças na obra de Pomar cruzavam-se com as revoluções dessas décadas, o Maio de Paris e o Abril em Lisboa, e acompanharam de perto outras manifestações contestárias e mudanças de comportamentos, como a antipsiquiatria e a revolução sexual.
É esse período de pesquisa e de reorientações, e também de intensa reflexão crítica, que esta exposição explora, trazendo à luz numerosas obras que há muito tempo não são exibidas.
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