Elas Também Estiveram Lá
Quotidianos de Resistência e de Revolução de Mulheres
Um percurso que começa na Avenida da Liberdade, atravessa uma porta, sobe um lance de escadas, e desemboca numa antiga sala de visionamento prévio, acompanhado por testemunhos de mulheres acerca da sua vivência durante a ditadura do Estado Novo, o dia 25 de abril de 1974 e o processo revolucionário que se lhe seguiu.
Arredadas da história, pelo menos das narrativas históricas dominantes, as mulheres portuguesas têm contudo muito a dizer sobre a repressão, a censura, o machismo e o sexismo vigentes ao longo do século XX, nomeadamente durante a ditadura portuguesa, onde o mote de ‘a cada um o seu lugar’ as relegava para lugares afastados da esfera pública, sujeitas ao domínio dos maridos, numa sociedade profundamente conservadora e patriarcal.
Mesmo dos relatos do dia 25 de abril, as mulheres também não constam, dominados que são por narrativas masculinas heroicas, militares e políticas. No processo revolucionário que ensaiou novas formas de organização e ação política, não sabemos onde estavam, ou em que livros de história se fixaram, mas vemo-las nas fotografias de manifestações, nos filmes e documentários da época. Quisemos ir resgatar essas vozes perdidas, anónimas, mas, não obstante, participantes em tudo isso e assim dar conta de uma multiplicidade de retratos da mulher portuguesa, que são também um espelho do presente, ou de como chegámos até aqui.
Construído para um emblemático espaço, e para a zona exterior circundante, esta é uma criação do Teatro do Vestido profundamente ancorada nas memórias da própria cidade, resgatando do esquecimento parte do nosso passado coletivo.