Festival Política
O Festival Política regressa ao Cinema São Jorge, tendo a Intervenção como tema central. São três dias de cinema, performances, música, humor, exposições e conversas, com sessões com interpretação em LGP e legendagem em português. No ano em que se assinalam os 50 anos do 25 de Abril, a atenção de artistas, jovens, criadores, académicos e ativistas está na necessidade de aumentar a participação dos cidadãos nas instituições, nos atos eleitorais e nas suas comunidades.
Programa:
3 abril
Estas histórias ajudam a aumentar a intervenção cívica e política?
Sala Manoel de Oliveira; 17h30
Conversa
O jornal digital Mensagem de Lisboa tem estado a trabalhar com “repórteres comunitários”, jovens e moradores de Mem Martins (Sintra), Chelas (Lisboa) e Casal da Boba (Amadora), para dar a conhecer histórias destes territórios que não chegam à restante comunicação social. Será que contar estas histórias ajuda a criar uma consciência destes territórios, aumentar a participação cívica, associativa e eleitoral? Como aproximar as reivindicações destas populações dos centros de decisão e empoderar quem lá vive a ter maior participação política? Após a conversa, será apresentada a Gazetta do Bairro, uma plataforma digital de comunicação, criada e gerida por pessoas do bairro, que pretende contar histórias, mostrar projetos e negócios, numa iniciativa da Rimas ao Minuto/Kriativu.
O Projeto Narrativas da Mensagem de Lisboa conta com a colaboração do grupo cultural Unidigrazz, em Mem Martins, da associação juvenil Kriativu, de Chelas, e da Associação Cavaleiros-São Brás, de Casal da Boba.
Sapadores da Humanidade, de The Gandaya Colletive, 69’ (Portugal)
Sala 3; 18h00
Cinema
Legendado em português
O documentário conta a história de vida sinuosa de António José Botelho de Vasconcelos, nascido na Angola colonial, no seio de uma família portuguesa, em 1969. Os primeiros anos de vida são marcados ora pela opulência provisória, ora pela figura austera e militarizada do avô paterno. A relação entre avô e neto, pautada pela violência “gratuita”, simboliza também o desabrochar de um sonho - a dança. Aos cinco anos de idade, retornado a Portugal, em plena Revolução dos Cravos, viu a sua vida virar de cabeça para baixo. Em Lisboa, vítima do racismo, abandonado e sem referências, a narrativa mostra as suas experiências e os seus desdobramentos de luz e sombra. De líder de um dos maiores e lucrativos gangues de Lisboa, a presidiário, seguido da experiência de sem-abrigo. Hoje, com 52 anos de idade, o Ninja, como gosta de ser apelidado, dá-se a conhecer pelas suas cativantes performances artísticas.
A Sala de Professores, de lker Çatak, 98' (Alemanha)
Sala Manoel de Oliveira; 19h15
Cinema: Sessão Parlamento Europeu
Legendado em português
Apresentação da exposição “Polarização afetiva: causas e implicações para o sistema democrático”, com Filipe Pacheco, bolseiro de doutoramento no ISCTE - IUL CIES
Foyer; 21h15
Conversa
Com interpretação em Língua Gestual Portuguesa (LGP) mediante solicitação prévia através do email participa.politica@gmail.com
Miss Universo
Sala 2; 21h30
Concerto
Com interpretação em Língua Gestual Portuguesa
Miss Universo nasce das suas raízes, mas floresce na procura da sua semente.
Já há muito que vai espreitando pela janela e já há muito que se vai sentindo cada vez mais fora dela. Vai assistindo quem passa e tem-se mantido calada. Vai vendo os outros todos sentindo-se um outro nada. Vai vendo as gentes que vivem do menos mal e do tanto faz. Em silêncio tem estado, mas nunca em paz. Um grito que não está só em palco, mas nos palcos que vai tendo. Sem forma, não se conforma com o conformismo de quem vai vendo. E finalmente, quando já não aguenta mais estar em casa, sai como melhor sabe.
Criada por André Ivo e Afonso Branco, a banda estreou-se nos lançamentos com o single "Ser Português", estando agora a preparar o seu primeiro álbum, a sair no final do verão deste ano.
4 abril
Portugal desistiu?, com João Paulo Batalha
Foyer; 17h30
Conversa “Beers & Politics”
Com interpretação em LGP mediante solicitação prévia através do email participa.politica@gmail.com
A alínea j) do Programa do Movimento das Forças Armadas, apresentado a 25 de Abril de 1974, prescrevia como medida imediata do novo regime “o combate eficaz contra a corrupção”. 50 anos depois, a corrupção é a grande ameaça à democracia. Portugal desistiu deste combate? Uma conversa descontraída que assinala a estreia do formato Beers & Politics em Portugal.
João Paulo Batalha é vice-presidente da associação Frente Cívica, dedicada à defesa de questões de interesse público, e consultor nas áreas da boa governança, transparência e políticas de combate à corrupção, além de colunista e conferencista, tratando temas ligados à integridade pública e à participação cívica. Em 2010, foi um dos fundadores da Transparência Internacional Portugal, membro português da rede global de ONG anticorrupção Transparency International, presente em mais de 100 países, tendo desempenhado as funções de diretor executivo e presidente da direção. É licenciado em História, com um minor em Sociologia Histórica e Política pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Faz-te Ouvir
Sala 2; 18h00
Com interpretação em Língua Gestual Portuguesa (LGP)
Faz-te Ouvir é um projeto audiovisual, que propõe desmontar preconceitos e estereótipos associados à comunidade cigana em Portugal. O intuito é proporcionar voz àqueles que muitas vezes são silenciados, evidenciando a diversidade e singularidade de cada indivíduo, e desmistificando a veracidade de conceções preconcebidas. É desenvolvido em parceria com o Festival Política pela Rizoma, associação que tem como objetivo a integração e desenvolvimento social dos jovens da comunidade cigana em Portugal, podendo alargar-se às suas famílias e a outros grupos étnico-raciais.
Afinal quantas pessoas se abstêm em Portugal?
Foyer; 18h30
Apresentação
Os números oficiais da abstenção apontam sistematicamente para a baixa participação dos portugueses nas eleições. Mas serão estes números um bom retrato da realidade? Apresentação da exposição “Afinal, quantas pessoas se abstêm em Portugal?” baseada no estudo preparado por João Cancela, José Santana Pereira e João Bernardo Narciso para a Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS).
Com interpretação em Língua Gestual Portuguesa (LGP) mediante solicitação prévia através do email participa.politica@gmail.com
A cor da liberdade, de Júlio Pereira, 69’ (Portugal)
Sala 3; 19h00
Cinema e conversa
Filme legendado em português. Após a exibição, segue-se conversa com José Pedro Soares e equipa de produção com interpretação em língua gestual portuguesa (LGP).
Documentário que parte da história de José Pedro Soares, ex- preso político que foi detido e torturado pela PIDE entre 1971 e 1974, e contextualiza Portugal e a sua realidade social à época, através das memórias de ex-presos políticos, historiadores, jornalistas e artistas. Uma mensagem de luta e diferentes formas de resistência que é urgente conhecer e preservar.
Luta Livre
Sala 2; 21h30
Cinema e conversa
Depois de projectos como Peste & Sida, Despe e Siga ou A Naifa, é em Luta Livre que Luís Varatojo olha para a sociedade de forma acutilante, fazendo da cantiga a sua arma. Neste 2024, irá celebrar os 50 anos da Revolução dos Cravos com um novo espectáculo especialmente criado para a efeméride, com forte impacto visual, apresentando ao vivo os temas dos álbuns “Técnicas de Combate” (2021) e “Defesa Pessoal” (2023).
Com interpretação para Língua Gestual Portuguesa (LGP)
5 abril
Sessão Corpos Políticos
Sala 3; 17h30
Cinema
Filmes legendados em português
Filhas da Pátria, de Catarina Almeida, 12’ (Portugal)
Em 1968, Inês uma jovem homossexual de 18 anos, procura a sua emancipação através dos movimentos estudantis quando é proibida de frequentar o curso de Direito.
Monte Clérigo, de Luís Campos, 28’ (Portugal)
Um adolescente desperdiça o seu verão com trabalho forçado numa torre de vigia florestal, indiferente aos trabalhadores imigrantes das estufas que o rodeiam.
Please make it work, de Daniel Soares, 14’ (Portugal e Suíça)
Cláudia tem de lidar com um chefe exigente, uma filha adolescente e o vento forte das montanhas, enquanto limpa Airbnbs sofisticados nos Alpes Suíços.
Mistida, de Wilker Nhaga, 30’ (Portugal)
Uma mãe vai às compras e o peso dos sacos magoa-a. Pede auxílio ao filho que vem para a ajudar a carregar as coisas no caminho até casa. Ao percorrerem a distância, lidam também com as questões que os assolam.
A minha identidade é um insulto
Sala 2; 18h30
Conversa-performance
Com interpretação em Língua Gestual Portuguesa (LGP)
O conforto é um privilégio e viver uma identidade pode ser um insulto, pode ser uma agressão, pode ser e gerar violência. Viver pode ser um ato de resistência, pode ser um ato político, pode ser ativismo. Esta é uma performance/conversa à procura do próprio espaço cujo direito continua a ser negado. Conhecer requer a humildade de reconhecer o lugar de fala e o lugar de escuta. Uma conversa moderada por Barbara Pollastri.
O que importa é participar - Hugo Van Der Ding
Sala Manoel de Oliveira; 21h30
Humor
Com interpretação em Língua Gestual Portuguesa (LGP)
O que importa, como sabemos, é participar. Ainda que, por vezes, não levemos a taça para casa. A História de Portugal está cheia de participações especiais. Como daquela vez que os padres se passaram com o rei e o puseram a andar (1245). Ou quando o povo de Lisboa mandou o bispo de Lisboa em voo pela janela da Sé (1383). Ou aquela vez em que as fiandeiras do Porto se revoltaram contra o rei, que era espanhol (1629). Ou quando, no Brasil, o Zumbi dos Palmares lançou luta contra os portugueses (1695). Ou quando os trabalhadores das obras do Palácio de Mafra cruzaram os braços até que lhes pagassem o que deviam (1732). Ou quando os pescadores de Olhão se revoltaram contra as tropas dos franceses (1808). Ou quando um grupo de mulheres do Norte quis à força enterrar uma velha numa igreja (1846). Ou quando os tipógrafos de um jornal fazem a primeira greve fabril em Portugal (1849). Ou quando umas curandeiras burlonas chinesas quase derrubaram a República (1911). Ou quando andou tudo à batatada pela falta de batatas (1917). Ou quando, contra a ditadura do Estado Novo, se assaltou um barco (1961), um avião (1961) e um banco (1967). Terminando tudo, faz agora cinquenta anos, num dia inicial inteiro e limpo (1974).
Sessão Maiores de 18
Sala 3; 23h15
Cinema
Will you come with me?, de Derya Durmaz, 2’ (Alemanha)
Uma pequena história passada em Berlim. A cidade que aparenta ser um território de liberdade, dá uma bofetada na cara no momento das relações mais íntimas.
Fragments, de Marie-Lou Béland, 9’ (Canadá)
Vozes de mulheres levantam-se para testemunhar momentos de violência sexual. São fragmentos de experiências que traçam um retrato social.
Nadie se enamora en un cine porno, de Varinia Perusin, 9’ (Argentina)
H. é um homem adulto que frequentou cinemas de filmes pornográficos de Mar del Plata durante a maior parte de sua vida. Após uma experiência reveladora, reavalia a forma como se relaciona com a sociedade.
Maghreb's hope, de Bassem Ben Brahim, 24’ (Argélia, Brasil, Marrocos e Tunísia)
Retratos das experiências de pessoas queer do Magrebe, nomeadamente da Líbia, Argélia, Tunísia e Marrocos. São pessoas que, corajosamente, quebraram tabus sociais em torno de seu género e sexualidade, desafiando os sistemas legais, sociais e familiares.
Exposições
História LGBT+ em Portugal
Um panorama histórico da comunidade LGBT+ em Portugal: os desafios que enfrentou ao longo dos anos e os marcos mais importantes na sua luta contínua pela conquista de direitos. Curadoria: Clube Rainbow
Afinal quantas pessoas se abstêm em Portugal?
Os números oficiais da abstenção apontam sistematicamente para a baixa participação dos portugueses nas eleições. Mas serão estes números um bom retrato da realidade? “Afinal, quantas pessoas se abstêm em Portugal?” baseia-se no estudo preparado por João Cancela, José Santana Pereira e João Bernardo Narciso para a Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), em que se avalia a magnitude e as causas da abstenção técnica no país, formulando propostas concretas para lidar com este fenómeno.
Polarização afetiva: causas e implicações para o sistema democrático
O conceito de polarização afetiva começou a ser estudado nos Estados Unidos há mais de uma década. A exposição baseia-se em vários papers científicos que têm vindo a ser publicados sobre o fenómeno em vários países, Portugal inclusive, mostrando-se as causas e as implicações que a polarização afetiva tem para o funcionamento dos regimes democráticos. Uma perspetiva de Filipe Pacheco.
MulheresPPT
Esta exposição é uma celebração das mulheres que desempenharam papéis cruciais no cenário político português, enfatizando o protagonismo feminino e seus feitos notáveis na construção da democracia no nosso país. Curadoria: Associação Rua.