Lisboa Soa
Imagine um lugar que celebra o mundo sonoro, que o leva a percorrer caminhos labirínticos que comunicam acusticamente consigo. Imagine que esse jardim é no centro da cidade e que é ocupado por vários artistas com obras de arte sonora concebidas para aquele lugar. Isto é mais do que imaginação: é o Lisboa Soa, que este ano ocupa durante quatro dias a Estufa Fria de Lisboa. A arte sonora pode definir-se como um conjunto de práticas que usam o som e a escuta como tema ou matéria. Sendo o termo relativamente novo, é difícil situar o aparecimento da arte sonora num período, local ou movimento artístico específico, embora nos últimos anos se tenha vindo a afirmar como um campo inovador e em crescimento dentro do território da arte contemporânea.
Instalações e esculturas sonoras no Jardim
14 a 17 setembro
10h–20h30 (quinta a sábado)
10h–18h30 (domingo)
Adriana Sá PT
John Klima EUA
Agitar as Águas para Melhor Ver o Fundo
Como intervir na beleza natural de uma caverna com água? O título desta instalação é emprestado dum livro de poesia Zen. O espaço é agora reativo, como o corpo de um instrumento. Ao produzir sombra sobre sensores de luz, as pessoas ativam pequenas bolas que mergulham na água, produzindo anéis concêntricos que se intersectam. Esta agitação conduz o movimento de tigelas metálicas flutuantes, que contem outras bolas, de vidro e metal. Quanto maior a tigela, maior o ciclo sonoro produzido pela bola rolante. A orquestração emerge enquanto se escuta a relação entre objetos, espaço, água e sombras.
João Ricardo PT
Cactusworkestra
CactusWorquestra é uma criação plástica e sonora que parte da instrumentação de 20 cactos preparados e sonorizados, posicionados na estufa doce em diversas posições e constelações. Os visitantes podem intervir nos cactos de uma forma individual ou coletiva, explorando dinâmicas como objeto principal no som, trabalhando assim variações de velocidade, intensidade e timbre. O objetivo deste projeto é motivar o público geral para o desenvolvimento da sensibilidade sonora, do sentido crítico, na incessante procura do som irrepetível. CactusWorkestra é um laboratório estéticÓpoetico tão fascinante quanto irrepetível.
Sonoscopia PT
Fauna
Em FAUNA, constrói-se um ecossistema artificial que recria uma vida animal imaginária. Pequenos autómatos musicais habitam dentro de pequenas caixas distribuídas pelo espaço físico da Estufa Fria de Lisboa, emitindo sons, interagindo entre si e complementando musicalmente o espaço sonoro onde estão inseridos. Os autómatos são controlados por um conjunto de microprocessadores, programados para induzirem instruções a vários tipos de atuadores mecânicos que irão ser traduzidas em ações musicais.
Jen Reimer CAN
Max Stein EUA
As instalações de Jen Reimer e Max Stein convidam os nossos ouvidos a concentrar-se na música dos lugares em que nos encontramos e chamam a nossa atenção para as caraterísticas dos ambientes urbanos que de outra forma poderiam passar despercebidos. Essas intervenções visam transcender a nossa experiência quotidiana do espaço, desfocando as linhas percetuais entre o que é natural e o que foi introduzido no ambiente.
Cláudia Martinho PT
Arquiteta de formação, Cláudia Martinho explora o espaço sonoro como vibração. Para o Lisboa Soa irá desenvolver uma instalação sonora apresentada num zome, uma estrutura em dupla espiral baseada na flor da vida, sinergética, sustentável, modulável, transportável e elaborada com materiais naturais.
André Gonçalves PT
André Gonçalves, designer de formação e programador por empatia, tem vindo a desenvolver, desde 1998, diversos projetos em várias áreas artísticas, nomeadamente nas artes plásticas, música, vídeo, instalação e performance. Na Estufa Fria de Lisboa irá explorar a ressonância de uma queda de água.
Artista em Residência
Juan Sorrentino ARG
Juan Sorrentino (1978) é um artista, músico e compositor argentino. No seu trabalho, entre concertos e instalações sonoras, explora conceitos de linguagem visual, de contexto poético e imaginação coletiva. O trabalho de Sorrentino foi apresentado em diversos locais da América do Sul, Estados Unidos e Europa. Recebeu inúmeros prémios, entre os quais a Bolsa UNESCO-Aschberg para Artistas, o Prémio de Residência de Bourges, entre outros.
Performances Sonoras
14 setembro
19h30
Agapea aka Saša Spacal ESL
Cycles
Sonic close-up com grilos ao vivo Acheta Domesticus
Os momentos são cortados, vividos e experimentados, quase materializados em experiência. Agapea emprega todos os meios tecnológicos disponíveis: o som é produzido com DIY e outros sintetizadores analógicos e manipulados com software de computador, e os sons ambientais são capturados com um gravador que é usado aqui como um detetor de amplificação de som. Agapea trata os meios tecnológicos como uma parte essencial de um biótopo, ou seja, como outros organismos. No entanto, o desempenho também é um diálogo entre grilos e humanos, tanto quanto o diálogo entre humanos e tecnologia.
15 setembro
18h30
Adriana Sá PT
John Klima EUA
Prática das Cordas
Uma performance que combina cordas, longos arames esticados no espaço e sons pré-gravados. O título deste trabalho é uma homenagem lúdica à teoria das cordas. Adriana Sá toca uma zither (instrumento de cordas ancestral) modificada e longos arames amplificados (o “instrumento sem corpo”). Inclui um software criado de raiz, que processa sons pré-gravados de acordo com as frequências sonoras da zither e dos arames. John Klima toca um longo arame de aço, captando ressonâncias magnéticas com um microfone criado por si.
15 setembro
19h30
Jen Reimer CAN
Max Stein EUA
Jen Reimer e Max Stein têm explorado a ressonância e a natureza acústica dos espaços urbanos, tais como passagens inferiores, silos, túneis subterrâneos e reservatórios de água nas suas performances desde 2008. Combinando trompa ao vivo e processada e gravações de campo com o ambiente sonoro do lugar da performance, Reimer e Stein criam uma experiência imersiva e física de som e espaço.
16 setembro
18h30
Juan Sorrentino ARG
Motto
Motto é um concerto ao ar livre, em que oito artistas com mochilas de som, equipadas com microfones, amplificam os sons do parque em que se encontram. Os passos, os ramos e o vento nas árvores tornam-se os instrumentos. A pauta é traduzida num mapa físico, delineando cada movimento dos artistas.
16 setembro
19h30
André Gonçalves PT
Música Eterna
Durante a última década, André Gonçalves passou por várias fases na sua abordagem à música até chegar ao seu último álbum a solo, que foi editado num formato que contraria a tradição de fixar a música numa timeline. Podemos escutar eternamente a música de André Gonçalves numa aplicação para dispositivos tecnológicos, mas também vamos poder ouvi-la na Estufa Fria de Lisboa, uma viagem sonora que nos fará perder no tempo e na contemplação.
Workshops e Passeios Sonoros
Inscrições: lisboasoa@gmail.com
11 a 16 setembro
14h–17h
Juan Sorrentino ARG
Motto
Limite de participantes: 8
Neste workshop oito participantes/performers irão construir mochilas portáteis de som e ensaiar a coreografia para o concerto ao ar livre.
15 setembro
10h30–16h
Peter Cusack ING
Sons escondidos no Parque
Limite de participantes: 15
Estamos habituados aos sons altos das nossas cidades, que estão sempre presentes na vida urbana. Mas e os sons mais baixos e escondidos que também nos rodeiam? O workshop “Sons Escondidos do Parque” explorará esses sons. Vamos concentrar-nos no pequeno e oculto usando os nossos ouvidos, mas também diferentes tecnologias que tornam audíveis os sons e as vibrações que, de outra forma, são muito difíceis, ou até impossíveis, de ouvir.
16 setembro
10h30–16h
Sam Auinger AUS
Pensar com os Ouvidos
Limite de participantes: 15
A oficina interroga métodos para pensar com os ouvidos, uma prática para obter uma compreensão mais profunda de como percebemos e comunicamos som. Memória de som para formas de som espacial e diferentes processos de audição serão analisados e os participantes desenvolverão consciências sonoras qualitativas, bem como um idioma para isso.
16 setembro
11h30–13h30
Luís Antero PT
Lugares Sonoros
Oficina de Gravações Sonoras de Campo
Público alvo: Crianças e jovens > 8 anos; Limite de participantes: 6
Oficina de iniciação a gravações sonoras de campo que fornece aos participantes as bases para desenvolvimento de técnicas de gravação, a partir de quatro fases distintas e complementares: aprender, escutar, gravar e editar.
16 setembro
14h30
Maile Colbert EUA
Ana Monteiro PT
Passeio Sonoro Soundwalk - Escuta e Movimento
Caminhada guiada por Maile Colbert Para os primeiros seres humanos o ato de caminhar terá surgido a partir da necessidade de encontrar formas de sobrevivência. Este projeto coloca a ênfase na caminhada, uma experiência focada no movimento, externo e interno, e na relação entre a escuta dos nossos corpos e a sua movimentação no tempo, espaço e lugar.
17 setembro
11h30–12h30
Joana Estevão PT
Só Estou de Ouvidos
Passeio Sonoro / Oficina
Público alvo: crianças 5 > 9 anos
Oficina destinada a crianças com o objetivo de as educar e consciencializar para os diferentes elementos sonoros que existem numa paisagem sonora. As crianças irão fazer um passeio sonoro pelo parque, com vendas nos olhos e guiados em pares, para uma atenção maior sobre o ambiente sonoro que os rodeia.No final terão conseguido realizar um retrato sonoro do percurso que fizeram.