Lisboa Soa
O Lisboa Soa regressa à Estufa Fria de Lisboa para uma reflexão sobre o impacto no ambiente sonoro das migrações causadas pela efervescente atividade humana.
Pessoas, animais, plantas e sons estão em permanente migração, deslocando-se de um lado ao outro, silenciando ou transformando paisagens sonoras pelo caminho. Em alguns casos, nunca mais encontram um espaço de pertença. Noutros, conseguem adaptar-se e naturalizar-se. Uma estufa é um exemplo de acolhimento: protege distintas espécies vegetais migrantes numa atmosfera controlada, mas influenciada pelo comportamento de cada uma das suas plantas. De certa forma, a estufa procura recriar uma outra geografia.
INSTALAÇÕES
12 a 15 setembro
10h - 20h
ARAL SEA - Peter Cusack (UK)
Há 60 anos, o Mar de Aral na Ásia Central era o quarto maior lago do planeta. Hoje está praticamente desaparecido, vítima de esquemas soviéticos de irrigação que desviam muita água dos seus rios de origem. Desde 2013, Peter Cusack fez várias viagens ao Aral e à sua bacia para fazer gravações sonoras de campo, tirar fotos, conversar com as pessoas e tentar entender o impacto dessas grandes mudanças.
PIANO MIGRATIONS - Kathy Hinde (UK)
O interior de um piano antigo é reciclado e transformado numa escultura sonora cinética. Vídeos de aves são projetados diretamente no piano, proporcionando uma pontuação musical em constante mudança. O movimento dos pássaros aciona pequenas máquinas que agitam e fazem soar as cordas do piano.
ETHNOSPHERE - Vincent Martial (FR) e Carlos Henrich (BR/DE)
O termo "etnosfera" foi criado pelo antropólogo Wade Davis, que afirma que esta seria a soma total de todos os pensamentos e sonhos, mitos, ideias, inspirações e intuições trazidas à existência pela imaginação humana desde o alvorecer da consciência. E, tal como a biosfera está a ser severamente erodida, a etnosfera também está e provavelmente a um ritmo muito maior. O trabalho dos artistas presentes neste projeto ilustra a influência do inconsciente coletivo através de uma improvisação plástica e sonora.
ATMOSMANCER - Ivo Louro (PT)
O Atmosmancer (grego atmos, vapor + grego mantis, profeta) é uma estrutura que mede fatores ambientais em seu redor e os traduz para fluxos sonoros que formam uma composição generativa. O imediatismo mediado possibilitado por esta prática mântica faz duas perguntas ao ouvinte: “Quão fresco é o ar que está a respirar e a ouvir? Porquê?"
URBAN SOUND ART - Carsten Seiffarth (DE)
O projeto com curadoria de Carsten Seiffarth (Berlin) tem vindo a estudar as condições acústicas e contextos sónicos que definem os espaços urbanos modernos. A exposição "Arte Sonora Urbana" documenta os grandes projetos de instalação de som criados por artistas sonoros da cidade de Bonn desde 2010. Urban Sound Art é uma exposição de bonn hoeren, um projeto da Fundação Beethoven para Arte e Cultura da cidade de Bonn.
Apoio: Goethe Institut Lisboa
SIMBIOSES - Cláudia Martinho (PT)
Simbioses é uma instalação sonora imersiva para uma experiência de comunicação com a biodiversidade de vida vegetal que habita a Estufa Fria, através de plantas conectadas a sensores de impulsos eletromagnéticos.
SON SEUL / WILDTRACK - Félix Blume (FR)
Como muitos dos seus colegas, o engenheiro de som para cinema Félix Blume passa horas sozinho após a rodagem para gravar “sons sós”. São chamados de “sós” porque não têm uma imagem síncrona, mas também porque o engenheiro de som é geralmente solitário, sempre ocupado a procurar ruídos e atmosferas típicas do local que irão enriquecer a futura edição de filmes. Foi a partir dessas expectativas que Felix Blume teve a ideia de criar estes pequenos vídeos.
RESIDÊNCIA TSONAMI NO LISBOA SOA
O festival Tsonami, em Valparaíso, no Chile, foi iniciado em 2007 e desde então tem-se dedicado a dar espaço a artistas de todo o mundo para experimentar com som através de performances multimédia, concertos e instalações. Este ano, irá marcar presença no Lisboa Soa com as seguintes obras:
TÉ N.º3 (INFUSIONES Y DESTILADOS) - Rodrigo Araya (CH)
A partir de uma pesquisa sobre o contexto da Estufa Fria de Lisboa, as suas qualidades, as espécies que acolhe e o seu conceito particular de estufa, Rodrigo Araya irá trabalhar as relações que podem existir entre atmosferas controladas, climas artificiais e o conceito de paisagem sonora.
LABORATORIO PARA UNA PLANTA MIGRANTE - Natacha Cabellos (CH)
Natacha Cabellos irá trabalhar a partir da ideia de migração de plantas, plantas alóctones que não têm a sua origem no lugar que agora ocupam, uma migração silenciosa, em que o principal veículo para atravessar grandes distâncias tem sido o ser humano. Natacha pretende fazer uma viagem em busca da origem destas plantas, particularmente as que migraram de América do Sul.
PERFORMANCES
12 setembro
17h30
CHILREAR DE MESA - Francisco Pinheiro e Paulo Morais / West Coast (PT)
Instalação performativa que parte de uma investigação em torno do canto e chamamento de algumas espécies de aves em risco de extinção.
18h30
LANTANA (PT)
Durante séculos, a poesia (masculina) sobre as mulheres compara estas com flores, ou pelo menos rodeia-as das ditas nos seus enlevos de objetificação. Pois aqui está uma formação musical feminina que no seu próprio nome, reforçando a assumida e intencional circunstância de ser constituída apenas por mulheres, num meio – o da música improvisada – que é dominado por homens, subverte esse fator botânico.
20h
PIANO MIGRATIONS - Kathy Hinde (UK) e Matthew Olden (UK)
Kathy Hinde mistura projeções de vídeo de aves para criar diferentes padrões musicais dos seus movimentos. Acompanhada por Matthew Olden, com o seu software de sampling, criam uma performance cativante onde a imagem se torna som e o som se torna imagem.
13 setembro
18h30
EXPONERE - Maile Colbert (US)
Uma voz estranha conta um pouco da história, em pedaços escolhidos por um gerador aleatório – criando, repetindo, mudando, recriando. Sons de vários tempos e lugares sob eventos de medida catastrófica – um terramoto, um tsunami, um incêndio, uma extinção, uma fusão, um cancelamento, um silenciamento, uma tempestade solar. Complexidade e interconexão, como uma composição ou ecologia.
19h
TÉ No. 3 (EL ALAMBIQUE) - Rodrigo Araya (CH)
Performance audiovisual que explora as relações entre som, luz e outros fenómenos físicos, através do uso de objetos comuns e produzindo reações materiais de causa e efeito. Uma experimentação sobre a sua influência simbólica e física no comportamento humano. Té No. 3 (O Alambique) é uma exploração em torno do dualismo do que consideramos animado e inanimado. Os sons não são meros produtos do que está vivo ou um fenómeno residual, são entidades vivas ainda que transitórias; até mesmo o que está morto ou inanimado continua a ressoar.
20h
LUCIERNAGAS, BICHOS Y OTROS SERES - Fernando Godoy (CH)
A partir da reutilização e pirataria de pequenos motores e ventiladores de computador, o trabalho é baseado na produção de dispositivos cinéticos autónomos que, quando ativados, produzem luz e som, simulando um tipo de ecossistema artificial.
14 setembro
10h30
SONS DE CASA – PAISAGENS SONORAS PARA BEBÉS - Luís Antero (PT)
Hoje sabe-se que os sons despertam a capacidade cerebral e cognitiva dos bebés e contribuem para a aprendizagem e desenvolvimento da linguagem. Neste concerto para bebés, Luís Antero irá estimular os mais pequenos com sons que fazem parte do nosso ambiente doméstico.
18h | 19h
SANTA MELODICA ORCHESTRA - Andreas Trobollowitsch (AT)
A 'Santa Melodica Orchestra' é uma performance sonora para 20 performers, melódicas, tubos e balões. Enquanto tocam, cada performer oscila o seu instrumento a uma determinada velocidade. Juntos eles criam um efeito de arpejo, que se altera constantemente devido às mudanças de velocidade, transformando os artistas num organismo cinético que se transforma continuamente.
Apoio: Embaixada da Áustria Lisboa
19h30
@ c + CONVIDADOS
A música de @c (Miguel Carvalhais e Pedro Tudela) oscila entre pausas e mudanças súbitas, conflitos e diálogos com outros sons. No Lisboa Soa, irão apresentar-se em formato expandido, com convidados especiais, numa performance que irá envolver o espaço imaterial da estufa com sons concretos e musicais, registados e transformados digitalmente. Miguel Carvalhais e Pedro Tudela colaboram desde 2000 enquanto @c, desenvolvendo música, arte sonora, instalações e performances sonoras ou audiovisuais.
15 setembro
18h
A PERENNIAL EARTH #2 - Gil Delindro (PT)
No Lisboa Soa, Delindro irá apresentar uma nova peça diretamente relacionada com a sua última residência artística de três meses no Vietname. O som é usado não apenas como uma forma de examinar materiais orgânicos em detalhe, mas também como um veículo para interpretar uma cultura distante.
19h
ETHNOSPHERE - Vincent Martial (FR) e Carlos Henrich (BR/GM)
Uma performance com esculturas sonoras parcialmente robotizadas com as quais Vincent Martial e Carlos Henrich irão interagir musicalmente.
PALESTRAS
13 setembro
16h
A ARQUITETURA SOA - Octávio Inácio (PT)
Se é a luz que torna visível um edifício, o som permite experienciá-lo de uma forma integral, que transpõe o visível. No entanto, trata-se muitas vezes de uma experiência inconsciente, só mais recentemente tomada como relevante com o crescente nível sonoro nas cidades e a noção de conforto e silêncio como bem essencial à vida. Esta palestra explora diferentes projetos de edifícios e as suas características acústicas que remetem para uma experiência alternativa à puramente visual.
17h
ARTE SONORA NO ESPAÇO URBANO - Carsten Seiffarth (DE), Fernando Godoy (CH), Raquel Castro (PT)
As práticas da chamada arte sonora podem ser instrumentos valiosos para o desenvolvimento da consciência auditiva nos ambientes urbanos, tanto ao revelar a forma como os espaços urbanos futuros poderiam soar, bem como refletindo sobre as formas como os podemos escutar. Uma conversa sobre curadoria de arte sonora no espaço público.
14 setembro
16h
PARA LÁ DO AUDÍVEL – O PAPEL DO SOM NA REVOLUÇÃO ECOLÓGICA - Gil Delindro (PT)
Nesta palestra, o artista irá partir da sua recente pesquisa artística nas aldeias de minorias étnicas do Vietname, passando pelos últimos cinco anos de trabalho com geografias e comunidades totalmente distintas ao redor do mundo. Como pode o som tornar-se um veículo ecológico para melhorar a nossa experiência de materialidade orgânica, promovendo o nosso compromisso político com o meio ambiente e mantendo a independência artística?
15 setembro
16h
ARAL SEA STORIES - Peter Cusack (UK)
A palestra sobre o Mar de Aral inclui áudio, imagens e histórias das espetaculares montanhas do Quirguistão, do fértil Vale de Fergana e do próprio Aral. Incluem chacais que uivam para a lua, a vida na aldeia durante uma tempestade de chuva que significa a restauração do mar, os sons do gelo intimamente ligados a mudanças no clima e uma roda de água de movimento perpétuo, uma tecnologia antiga ainda em uso na região.
WORKSHOPS
14 setembro
11h
PARAR E OUVIR - Katrinem (DE)
Idade 8+ // inscrições para lisboasoa@gmail.com
Nesta oficina, vamos examinar a lendária Estufa Fria e os seus arredores pelas suas qualidades auditivas e atmosféricas e criar um mapa sonoro. Como soam os nossos passos e vozes nos diferentes espaços dentro e fora? Como podemos ouvir a cidade no parque?
11h30 | 15h30
SIMBIOSES - Cláudia Martinho (PT)
Idade: Todos/Famílias // inscrições para lisboasoa@gmail.com
Nesta oficina vamos escutar os sons emitidos pelas plantas através de sensores biofeedback. Vamos experimentar o uso destas tecnologias como meios criativos para comunicarmos de modo consciente com a vida vegetal e percecionarmos as variações subtis do ambiente sensorial primário.
15h
LUGARES SONOROS – OFICINA DE GRAVAÇÕES SONORAS DE CAMPO - Luís Antero (PT)
Idade 12+ // inscrições para lisboasoa@gmail.com
Oficina de iniciação a gravações sonoras de campo, fornecendo aos participantes as bases teórico-práticas para desenvolvimento desta técnica de gravação, a partir de quatro fases distintas e complementares: enquadramento teórico; escutar; gravar: técnicas de gravação; editar.
15h
SANTA MELODICA ORCHESTRA - Andreas Trobollowitsch (AT)
Idade 16+ // (inclui performance às 18h e 19h) // inscrições para lisboasoa@gmail.com
Pesquisaremos formas de encontrar novas maneiras de notação/ instrução e reprodução, incluindo conceitos de composição sobretudo os da música minimal. Os participantes no workshop serão
performers ao final da tarde, na estufa.
15 setembro
10h30
CHAMAR OS PÁSSAROS – CAMINHADA E ESCUTA SONORA PELO PARQUE EDUARDO VII - Francisco Pinheiro, Paulo Morais e Álvaro Fonseca / West Coast (PT)
Idade: Todos/Famílias // inscrições para lisboasoa@gmail.com
A nossa relação com as aves acontece sobretudo a partir da escuta do seu canto. Por vezes conseguimos identificar o cantar grave e repetido de uma rola, ou o ecoar estridente de um corvo. Esta caminhada tem como objetivo a aproximação ao mundo das aves no Parque Eduardo VII, através do seu riquíssimo mundo sonoro.
11h
PARAR E OUVIR - Katrinem (DE)
Idade 8+ // inscrições para lisboasoa@gmail.com
11h30 | 15h30
SIMBIOSES - Cláudia Martinho (PT)
Idade: Todos/Famílias // inscrições para lisboasoa@gmail.com
15h
DISSIMULATION - Giuliano Obici (BR)
Idade 16+ // inscrições para lisboasoa@gmail.com
Dissimulation é uma plataforma de intervenção audiovisual participativa para telemóveis. Os participantes são convidados a ligar os seus dispositivos à plataforma, que deverão alimentar com conteúdos sonoros e assim produzir o resultado esperado.