No dia em que celebra o seu 8.º aniversário, 5 de abril, o Atelier-Museu Júlio Pomar reabre ao público com “Flora”, exposição que mostra algumas das aquisições realizadas pela Câmara Municipal Lisboa e pelo Atelier-Museu Júlio Pomar para as suas respetivas coleções, durante os anos de 2018, 2019 e 2020.
Tomando como título o nome de uma das obras de André Romão, “Flora”, esta exposição procura dar a conhecer a diversidade e coexistência de temáticas e explorações epistemológicas da arte contemporânea portuguesa, convocando os visitantes para uma relação direta com as obras, abraçando os problemas e interrogações que elas convocam através de materializações tridimensionais, bidimensionais e sonoras.
FLORA, à semelhança da exposição realizada há três anos no Torreão Nascente da Cordoaria, organiza-se, quando possível, por afinidades estéticas e também por relações que procuram ter em conta as qualidades do espaço do Atelier-Museu Júlio Pomar.
O conjunto apresentado corresponde aos três últimos anos de aquisições e reafirma a vontade da CML de continuar a constituir e desenvolver a sua coleção, com a perspetiva de, no futuro, integrar outros autores e ampliar a representatividade dos que a compõem. A coleção da CML constitui-se também como um incentivo ao colecionismo, público e privado. Construir coleções, de propriedade pública ou privada,
é um compromisso que as entidades tecem com a história da arte e com os seus autores, possibilitando dar conhecer às gerações presentes e vindouras o contacto com os fundamentos das suas raízes culturais, as opções, preocupações e transformações estéticas, políticas e sociais.
Ao longo dos últimos anos, o Atelier-Museu Júlio Pomar adquiriu, também, algumas obras de Júlio Pomar que enriqueceram o espólio do museu, permitindo desenvolver novas vias de investigação desta instituição monográfica, inscrevendo a sua relevância no tecido da arte contemporânea.
É também preciso relembrar que, antes do momento de qualquer exposição, é necessário catalogar, cuidar, conservar, estudar, sistematizar as obras/coleções – todo um conjunto de tarefas cujo ónus, muitas vezes esquecido, cabe às instituições, e que aqui ficou ao cuidado do Museu de Lisboa/EGEAC. Continuando a constituir, cuidar e mostrar as suas coleções, as instituições desempenham um papel indispensável na solidificação dos desenvolvimentos artísticos, na formação dos públicos, das suas aspirações e ambições culturais. 2020 e 2021 poderão não ser eventualmente os anos mais espetaculares em termos de dinâmica, mas provavelmente serão anos profícuos, de pousio, onde as flores então semeadas, e poderão brotar nos anos seguintes, fazendo ver que tudo tem ciclos e reviravoltas, altos e baixos, movimentos de vai e vem, afundamento e alargamento, sombra e luz.
As aquisições para a coleção da CML foram retomadas pela autarquia por uma comissão designada em 2016 pela CML, composta por Sérgio Mah, Manuel Costa Cabral, José Luís Porfírio, Sara Antónia Matos (Atelier-Museu Júlio Pomar) e Joana Sousa Monteiro (Museu de Lisboa) – que definiram, em conjunto, os critérios de aquisição. As primeiras compras tiveram lugar no contexto da 1ª e 2ª edições da feira de arte contemporânea ARCOLisboa, também como sinal de estímulo à iniciativa e incremento do mercado, tendo levado à integração na coleção da CML de obras dos artistas Alexandre Conefrey, Ana Manso, António Júlio Duarte, Armanda Duarte, Ângela Ferreira, Carlos Nogueira, Eduardo Batarda, Fernanda Fragateiro, João Jacinto, João Marçal, João Queiroz, José Loureiro, Luisa Cunha, Manuela Marques, Paulo Brighenti, Pedro Calhau, Paulo Nozolino, Rui Toscano, Sara Chang Yan, Susanne Themlitz e Vasco Araújo.
A segunda fase de compras, que agora se mostram, decorreu nas 3ª e 4ª edições da ARCOLisboa e acrescentou mais de 30 obras ao conjunto inicial. Na 4ª edição, a comissão para o triénio de 2019-2021 passou a ser constituída por Isabel Carlos, Miguel von Hafe Peréz, Sérgio Mah, Sara Antónia Matos (Atelier-Museu Júlio Pomar) e Joana Sousa Monteiro (Museu de Lisboa). A 5ª edição aconteceu em 2020, em plena pandemia do novo coronavírus, tendo as escolhas e as aquisições sido feitas via online, acrescentando mais um conjunto de obras significativas ao núcleo que agora ascende a mais de uma centena de obras.
Os artistas que a compõem, em diferentes momentos de carreira e com linguagens plásticas próprias, reinventando meios e alargando o âmbito das disciplinas artísticas ou mantendo-se fiéis a elas e aos seus domínios de operatividade, foram considerados incontornáveis pelas duas comissões que, nos momentos de escolha, tiveram em conta os diferentes géneros e gerações, o percurso mais ou menos notório dos autores, a necessidade de estímulo consoante as fases de produção em que se encontravam, bem como a diversidade de galerias que os representavam.
Curadoria: Sara Antónia Matos e Pedro Faro
Obras de: Ana Santos, André Cepeda, André Romão, Augusto Alves da Silva, Bruno Cidra, Bruno Pacheco, Carla Filipe, Catarina Dias, Cecília Costa, Dalila Gonçalves, Dealmeida Esilva, Francisco Tropa, Henrique Pavão, Hugo Canoilas, Igor Jesus, Isabel Madeira Andrade, Isabel Simões, João Onofre, Joana Escoval, João Maria Gusmão & Pedro Paiva, João Pedro Vale & Nuno Alexandre Ferreira, Jorge Queiroz, Júlio Pomar, Kiluanji Kia Henda, Mafalda Santos, Maria Capelo, Maria José Cavaco, Mariana Silva, Marta Soares, Mattia Denisse, Miguel Branco, Miguel Palma, Noé Sendas, Nuno Henrique, Nuno Nunes-Ferreira, Patrícia Garrido, Pedro Casqueiro, Pedro Tropa, Ricardo Jacinto, Rita Ferreira, Rui Calçada Bastos, Sara Bichão, Tatiana Macedo, Teresa Carepo, Tiago Alexandre e Tiago Baptista.