Festival Política
O Festival Política está de regresso ao São Jorge tendo a Desinformação como tema central e a guerra na Europa como pano de fundo. São quatro dias de filmes, música, debates, performances, espetáculos e conversas dedicados à desinformação enquanto ameaça à democracia, fator de polarização, discriminação e marginalização de grupos populacionais, e elemento que mina a confiança dos cidadãos nos meios de comunicação social e no jornalismo. Todas as atividades são de acesso gratuito e são acessíveis (legendagem em português de todos os filmes e tradução para língua gestual portuguesa).
21 de abril (quinta-feira)
17h30 | Sala 2
Debate
“A desinformação entre duas comunidades: pessoas com deficiência e pessoas Surdas. Que mitos sociais têm de ser desconstruídos?"
Em 1997 a língua gestual portuguesa foi instituída na Constituição da República Portuguesa. Em 2006, Portugal assinou a carta da convenção dos direitos das pessoas com deficiência da ONU. Estamos em 2022 mas a desinformação sobre a vida de pessoas com deficiência continua. Que mitos precisam ser desconstruídos? Como podemos criar equidade no acesso à educação, à cultura e vida em sociedade?
Com tradução para Língua Gestual Portuguesa
18h30 | Sala 3
Cinema - Sessão Futuro
● “A Semente”', de Jorge Sousa, Manuel Janela Gil, Rafael de Lopes, 7’ (Portugal)
Um homem obcecado com o ambiente vai até ao extremo para comungar com a natureza.
● “Food Court”, de Marcus Silva, 5' (Portugal)
Um homem come mais do que o necessário para chegar ao limite do consumo.
● “Cacos”, de João Brás, 10' (Portugal)
Uma família portuguesa adapta-se a um quotidiano diferente, enquanto uma situação irreversível toma partido, marcando assim um distinto antes e depois na vida destas pessoas e alterando o seu rumo.
● “Libertação”, de Emídio Navarro, 3' (Portugal)
Mia narra a sua complexa história de vida, partilhando com o público os seus traumas, o abandono do pai, a depressão pós-parto da sua mãe e como em todo o mal ela podia ver vislumbres do bem.
● “Rei da Gaiola”, de Paula Loffler, 6' (Portugal)
Simone luta com a sua relação com o pai desde que foi diagnosticado com Alzheimer precoce. Num sábado à tarde, encontra um tabuleiro de xadrez antigo e brinca com Ernesto. Ambos são despertados pelas memórias.
● “Flor de Estufa”, Laís Andrade, 15’ (Portugal)
O quotidiano silencioso de uma imigrante numa exploração agrícola. Diariamente, lida com a solidão e a precariedade, sem nunca esquecer o que deixou para trás. Um olhar sobre a exploração dos imigrantes em Portugal, pelos olhos de uma trabalhadora de estufa.
19h | Sala 2
Música/conversa
“27 de maio em Angola: desinformação, auto-censura e silêncios”
A purga dentro do MPLA, a 27 de maio de 1977, desembocou em milhares de desaparecidos, mandados assassinar pelo regime de então como acusados de seguirem ideias de Nito Alves, um dos líderes do MPLA. A desinformação gerada pelos meios de informação do Estado angolano gerou uma violência que levou ao assassinato de três músicos muito populares: David Zé, Urbano de Castro e Artur Nunes. Como estão a ser testemunhadas, reconhecidas e transmitidas estas memórias traumáticas? Com o músico Chalo
Correia e membros da Associação 27 de Maio. Moderação de André Soares (jornalista/antropólogo).
Com tradução para Língua Gestual Portuguesa
21h30 | Sala Manoel de Oliveira
Cinema - Sessão Guerra na Europa + Prémio Sakharov
“Quo Vadis, Aida?”de Jasmila Zbanic", 101' (Bósnia, Áustria, Roménia e Holanda)
Bósnia, Julho de 1995. Aida Selmanagić (Jasna Djuricic) trabalha como tradutora para a ONU em Srebrenica. Quando uma unidade do Exército da República Sérvia ocupa a região, até aí considerada uma área de segurança sob a proteção das Nações Unidas, ela vê a própria família entre as milhares de pessoas que procuram proteção nos campos de refugiados. Como está presente em reuniões das equipas de manutenção de paz, Aida tem acesso a informações desanimadoras. Nomeado para o Óscar de melhor filme internacional. Exibido em parceria com o Gabinete do Parlamento Europeu em Lisboa. Antes da sessão será feita a evocação do vencedor do Prémio Sakharov 2021: Alexei Navalny.
22 de abril (sexta-feira)
17h30 | Sala 2
Debate
"Como lidar com o crescimento da extrema-direita em Portugal?"
O debate focar-se-á em como as forças democráticas podem combater a desinformação, o discurso de ódio e esta (nova) extrema-direita no espaço político público.
Curadoria: Setenta e Quatro
Com tradução para Língua Gestual Portuguesa
18h15 | Foyer
Cara a Cara com os Deputados
Encontro entre cidadãos e deputados representantes dos partidos com assento na Assembleia da República. Durante cinco minutos, os participantes inscritos conversam individualmente com cada deputado sobre um tema, dúvida ou questão.
Necessária inscrição prévia através do e-mail: participa.politica@gmail.com.
Com tradução para Língua Gestual Portuguesa mediante solicitação prévia
18h30 | Sala 3
Cinema - Sessão Refugiados
“My heart is there, my body is here”, de Pedro Cruz e João Doce, 57’ (Portugal)
“Há histórias muito duras que não chegam à maioria das pessoas. Documentário sobre o passado, o presente e o futuro de pessoas com estatuto de refugiado, procura amplificar a sua voz. Uma produção da Universidade de Coimbra, elaborada no seguimento do Projeto Teachmi.
21h30 | Sala Manoel de Oliveira
Cinema - Sessão Manipulação da informação
“A nossa bandeira jamais será vermelha”, de Pablo Lopez Guelli, 70' (Brasil)
A luta dos jornalistas independentes no Brasil para romper o embargo informativo imposto pelas seis famílias que dominam o sistema de informação do país. Ao examinar a influência da imprensa brasileira nos eventos sócio-políticos que ocorreram entre 2013 e 2019, o filme responde a uma pergunta que intriga o mundo todo: como é que Jair Bolsonaro se tornou presidente do sexto país mais populoso do mundo?
22h | Sala 2
“O jeito que o corpo dá 1.0” – performance de Luan OKUN
Mo.vi.mente.ação na Diáspora, de Luan OKUN. As fugas necessárias para a destruição da norma, e assim da condição de sucesso, de fracasso, de género e racialidade.
Colaboração: @yunaturva
Proposta vencedora do concurso de bolsas para artistas, criadores e ativistas, lançado pelo Festival Política e pelo Instituto Português de Desporto e Juventude (IPDJ).
23h | Sala 3
Cinema - Sessão Ditadura
“Salazácula”, de Pedro Réquio, 20'
Uma reflexão visual sobre as semelhanças entre a ditadura de António de Oliveira Salazar e o imaginário clássico do cinema de terror.
23 de abril (sábado)
15h30 | Sala Manoel de Oliveira
Cinema - Sessão Política do território
“Dispersos pelo Centro”, de António Aleixo, 77' (Portugal)
Quando Tiago Pereira, de "A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria" convida Álvaro Domingues para uma viagem pelas Terras da Chanfana, surge uma questão pertinente e maior que eles próprios ou a paisagem na qual figuram. Retrata um presente sem o intuito de adivinhar o seu futuro nem o saudosismo por um passado ido, num documentário humanista que deambula entre as pessoas e o território.
16h | Foyer/bar
Networking Festival Política
Ativistas, público do festival e equipa do Festival Política encontram-se para um momento descontraído de networking, troca de contactos e experiências. É só aparecer e estar disposto a conhecer novas pessoas, projetos e ideias para mudar o mundo.
Com tradução para Língua Gestual Portuguesa mediante solicitação prévia
17h | Sala 3
Cinema - Sessão Corpos Políticos
● “Bustagate”, de Welket Bungué, 12' (Portugal)
Bustagate, um ano depois do incidente do Bairro da Jamaica (zona da margem Sul de Lisboa) eis o panorama escandaloso da violência e desigualdade social em Portugal. Um filme-intervenção póstumo à sua personagem imaginária, dedicado aos portugueses.
● “Alcindo”, de Miguel Dores, 79' (Portugal)
A 10 de Junho de 1995, sob o pretexto múltiplo de celebrar o Dia da Raça e a vitória para a Taça de Portugal do Sporting, um grupo volumoso de etno-nacionalistas portugueses sai às ruas do Bairro Alto para espancar pessoas negras que encontra pelo caminho. O resultado oficial foram 11 vítimas, uma delas mortal, cuja trágica morte na Rua Garret atribui o nome ao processo de tribunal – o caso Alcindo Monteiro.
18h | Sala Manoel de Oliveira
Cinema - Sessão A Música Cigana a Gostar Dela Própria
Estreia de documentário e concerto “A música invisível”, de Tiago Pereira
Os ciganos têm presença na Península Ibérica pelo menos há 500 anos, no entanto em Portugal a sua música foi sempre quase esquecida, pouco conhecida, pouco gravada. Hoje essa música distingue-se muito por rumbas e fados, mas também por muita música religiosa e algum rap. Existem também músicos que não sendo ciganos se apaixonam por esta música e a adoptam. Viajamos então pelo país para conhecer esta música invisível.
Com tradução para Língua Gestual Portuguesa
19h | Foyer 1º andar
Poesia e arte
“Reconstituição Portuguesa. Um exercício de liberdade poética”
Inspirados na técnica de blackout poetry, um coletivo de poetas e ilustradores liderados por Viton Araújo e Diego Tórgo aplicou o infame lápis azul sobre as palavras da Constituição fascista de 1933 até que dela se erguessem, apenas, poemas e ilustrações exaltando os valores de Abril: humanidade, liberdade, justiça, igualdade. Junto à exposição poderá descobrir as páginas do livro Reconstituição Portuguesa em versão ampliada, bem como ouvir alguns dos poemas na voz dos autores.
21h30 | Sala Manoel de Oliveira
Humor
“A grande mentira”, por Hugo Van der Ding
Hugo van der Ding promete uma viagem aos grandes mitos e enganos da nossa História. Uma aula ao vivo para levar (muito) a sério.
Com tradução para Língua Gestual Portuguesa
23h15 | Sala 3
Cinema - Sessão maiores de 18 - Sexo no feminino
● "Tout le monde dit la chatte", de Clémentine Beaugrand, 12' (França)
A masturbação feminina aos olhos de mulheres de diferentes gerações. Delicadamente, apesar do desconforto causado pelo tabu da masturbação, as suas vozes dão início a uma conversa e tornam este diálogo possível.
● "A arte do sexo", de Matheus Ribeiro Nogueira, 20' (Portugal)
A indústria pornográfica não é muito bem vista, principalmente pela falta de ética nas relações de trabalho e por problemas que ocorreram no passado. As personagens deste filme embarcam numa viagem para desmistificar e dignificar "A Arte do Sexo".
24 de abril (domingo)
15h30 | Sala 3
Cinema- Sessão Corpos Políticos II
● “O Berloque Vermelho”, de André Murraças, 8' (Portugal)
Um homem recebe de um amigo um berloque em forma de coração para pôr ao pescoço. Quando a joia desaparece, o homem entra em pânico e não consegue lidar com os sentimentos que o gesto e a perda do berloque lhe suscitam. Num ato louco e sangrento, fará o impensável.
● “O Ofício da Ilusão”, de Cláudia Varejão, 6' (Portugal)
A arte da ilusão é esculpida com imagens de um arquivo familiar dos anos 70 e 80 e clips de som de filmes. Madame Bovary é a heroína de Flaubert e abre os anfitriões deste exercício narrativo. Com base no diálogo de Ema Paiva com o seu amigo e confidente Pedro Lumiares no filme Vale Abraão de Manoel de Oliveira, entendemos a identidade de género como uma caracterização fechada dos valores sociais.
● “O Teu Nome É”, de Paulo Patrício, 24' (Portugal)
O olhar sobre o caso de homicídio de Gisberta Salce Jr., transexual, hiv-positiva, sem-abrigo e toxicodependente que foi brutalmente torturada e violada durante vários dias seguida por um grupo de 14 adolescentes no Porto, Portugal, em 2006. Centrado em temas como a memória, o estatuto social, a violência, a discriminação e a identidade de género, "O Teu Nome É" explora o relato preocupante de dois dos adolescentes condenados, agora jovens, e as memórias dos amigos transexuais de Gisberta, confrontando diferentes perspetivas e dimensões da condição humana.
● “Tracing Utopia”, de Catarina de Sousa e Nick Tyson, 20' (Portugal e Estados Unidos)
Uma viagem virtual pelos sonhos e desejos de um grupo de adolescentes queer de Nova Iorque, uma Geração Z que vê o mundo com olhos diferentes e esperança no futuro. Um filme que ilustra a importância, e o poder, de encontrar uma comunidade.
16h30 | Sala 2
Oficina de Tipografia “Falsos Títulos”
O objetivo desta sessão é trabalhar o tema do festival e simular peças noticiosas cuja apresentação ou conteúdo causam desinformação no leitor. Para isso, vamos aprender sobre a técnica de impressão tipográfica de caracteres móveis, e com ela imprimir sobre papel algumas peças noticiosas para expor no evento e também para levar para casa. Com tradução para Língua Gestual Portuguesa mediante solicitação prévia. Proposta de Rui Sebastian vencedora do concurso de bolsas para artistas, criadores e ativistas, lançado pelo Festival Política e pelo Instituto Português de Desporto e Juventude (IPDJ).
17h | Sala 3
Cinema - Sessão Política no Feminino
"Ava Kuña, Aty Kuña; mulher indígena, mulher política", de Julia Zulian, Fabiane Medina, Guilherme Sai, 25`(Brasil)
Uma abordagem poética da resiliência política das mulheres indígenas brasileiras, retratando a Kuñangue Aty Guasu, a Grande Assembleia de Mulheres Guarani Kaiowá, povo indígena da região do Mato Grosso do Sul que há muito luta pelo seu direito ao território.
17h30 | Sala Manoel de Oliveira
Cinema - Sessão Revolução
“Rua do Prior 41”, de Lorenzo d'Amico de Carvalho, 75’ (Portugal)
Lisboa, 1974. Franco Lorenzoni, militante da Lotta Continua, o grupo italiano extra-parlamentar mais importante dos anos 70, ocupa uma casa na Rua do Prior, nº 41. Durante os meses seguintes, essa casa acaba por se tornar na sede da Associação Revolucionária de Amizade Portugal-Itália, que traz centenas de jovens do mundo inteiro para verem o “país mais livre da Europa”. Uma viagem por um dos capítulos menos conhecidos da Revolução dos Cravos, para libertar sonhos, esperanças e deceções de uma geração de rapazes e raparigas que, por um curto e entusiasmante momento, acreditaram que conseguiriam mudar o mundo.
18h | Sala 2
Música/conversa “Negras”
Invisibilidade. Social e política. À superfície das camadas de preconceitos, hipérboles e hipersexualização estão vivências, sentimentos e dicotomias que chegam ao debate público a conta gotas. “Negra” é o palco dessas vozes. Com Sílvia Barros na música e o coletivo Mulheres Negras Escurecidas para abrir a conversa, é hora de ouvir.
Curadoria: Bantumen.
Com tradução para Língua Gestual Portuguesa
TODOS OS DIAS
Exposição de fotografia
“Quel Pedra”, de Pauliana Valente Pimentel
Existe um mito no Mindelo, na ilha de São Vicente, que diz que quem se sentar numa determinada pedra, no bairro de Font Flip, se torna gay. Foi neste bairro que conheci a Steffy e sete dos seus amigos: Edinha, Gi, Elton, Sindji, Susy, Henio e Jason. Estes rapazes, com idades compreendidas entre os 17 e os 25 anos, são transgénero, no sentido em que gostam de usar roupas femininas, maquilhagem, e de serem chamados por nomes de mulher.
Exposição “Reconstituição Portuguesa”
Inspirados na técnica de blackout poetry, um coletivo de poetas e ilustradores liderados por Viton Araújo e Diego Tórgo aplicou o infame lápis azul sobre as palavras da Constituição fascista de 1933 até que dela se erguessem, apenas, poemas e ilustrações exaltando os valores de Abril: humanidade, liberdade, justiça, igualdade. Apresentação de algumas páginas do livro “Reconstituição Portuguesa” em versão ampliada, antes de chegar às livrarias.
Acessibilidade a pessoas com mobilidade reduzida.
Conceção: Associação Isonomia
Co-produção: Produtores Associados
Entrada livre sujeita à lotação do espaço e mediante levantamento prévio de bilhete na bilheteira do Cinema São Jorge (das 13h até ao início da última sessão)
M/12