Festas de Abril 
Mulheres de Abril somos mãos unidas | Maria Teresa Horta ©EGEAC/José Frade 
Faltam doze segundos para o longuíssimo primeiro minuto da nossa existência Valeu a pena? Tuas marcas na areia, dobras, rastros, lastros, células mortas, átomos desintegrados, entulho, restos de beira-mar, carcaças de insectos incinerados, relógios sem ponteiros de Dali, santos anónimos e nos interstícios da calçada sementes de cravos vermelhos, asas de pombos desviados dentro de ti, ó cidade. o Largo do Carmo já foi o centro do mundo. Valeram apenas. E havemos de lá chegar. | Ana Margarida Carvalho ©EGEAC/José Frade 
Nessa manhã, as gargalhadas ainda tinham sangue. | Maria do Rosário Pedreira ©EGEAC/José Frade 
A Liberdade é roubar a vida à morte. | Beatriz Hierro Lopes ©EGEAC/José Frade 
Liberdade é o infinito sem interrupção. | Ana Marques Gastão ©EGEAC/José Frade 
É preciso ir mais longe em risco infinitamente terno de futuro. | Mafalda Veiga ©EGEAC/José Frade 
O país encolhera na máquina de lavar da revolução; depois entrara para a escola da Europa decidido a vencer como prestidigitador, com os bolsos rotos a abarrotar de pombas que ninguém podia adivinhar de onde vinham. | Inês Pedrosa ©EGEAC/José Frade 
Que as palavras da liberdade se soltem pelas avenidas, os largos, as calçadas. Deixem-nas voar sobre as memórias, os cais, os muros. Que sejam estrelas de novas galácticas de honrar a vida, no coração do futuro. | Amélia Muge ©EGEAC/José Frade 
Tape o deus não Deus o que ele quiser E eu grito mesmo que rouca Que debaixo da roupa serei sempre uma mulher. | Luísa Sobral ©EGEAC/José Frade 
porque a liberdade é uma ocupação coletiva um cravo a clarear no aço o verso de um exército para acordar no fundo um trato liso com o mundo | Margarida Vale de Gato ©EGEAC/José Frade 
Enquanto houver gente a dormir no chão é dia de revolução | Ana Deus ©EGEAC/José Frade 
Nas pétalas murchas de abril, no musgo, do tronco, do teu corpo, de mil | Alice Neto de Sousa ©EGEAC/José Frade 
Os poetas de outrora escreveram no chão a palavra LIBERDADE | Aline Frazão ©EGEAC/José Frade 
Não quero a autonomia da grande máquina, com a complexidade mecânica. Quero a liberdade da rama despida, que faz brotar vida da seiva. | Raquel Gaspar Silva ©EGEAC/José Frade 
Um país a cem por sentimento respirado Expira a opressão inspira a liberdade | Rita Taborda Duarte ©EGEAC/José Frade 
Entre Bastilha e Baunilha, contra os retratos de família, a revolução nasce de um sonho, assim como os povos nascem do pó | Golgona Anghel ©EGEAC/José Frade 
Abril foi o dia inteiro em que as mulheres puderam deixar de ser metades e de viver pela metade. | Isabel Rio Novo ©EGEAC/José Frade 
Meu querido 25 de Abril, vem-te de novo de pau feito, por favor, e de épico tesão dá cabo disto. | Inês Fonseca Santos ©EGEAC/José Frade 
Nem numa gaiola, quanto mais numa gaiola dentro de uma casa, um pássaro. | Marta Chaves ©EGEAC/José Frade 
CASA COM VISTA PARA A FELICIDADE COLECTIVA PROCURA-SE | Paola D'Agostino ©EGEAC/José Frade 
25 DE ABRIL: A IGNIÇÃO DOS CRAVOS Abril é a ignição firme de um rumo urgente em cravos de assombro para a liberdade. | Rosa Alice Branco ©EGEAC/José Frade 
É trágico que um povo se transforme em rebanho e não saiba viver sem pastor nem cães de guarda. Até o gado resiste à prisão e ao matadouro. | Isabela Figueiredo ©EGEAC/José Frade 
A Liberdade tem mais rostos que bandeiras, mais filhos que fronteiras. A Liberdade é o direito sem avesso, a nossa respiração o vento que a guia através do medo para chegar à escolha | Gisela Casimiro ©EGEAC/José Frade 
Num dia improvável, mas possível e inevitável, todos decidiram não sair de casa. O mundo parou. Peço-vos que gravem 20 segundos do vosso silêncio, aqui, enquanto pensam neste momento memorável de uma ideia de greve do mundo. | Patrícia Portela ©EGEAC/José Frade 
Cuida da liberdade como do teu jardim | Djaimilia Pereira de Almeida ©EGEAC/José Frade 
Desde esse dia busco e acho companhia Nos rostos irregulares, nas esquinas amigas E até nas sombras que são mapas de cidade | Regina Guimarães ©EGEAC/José Frade 
Ó magnéticos lábios do absoluto! respirar sem medo, beijar a fundo uma vida livre não entra na morte. | Raquel Nobre Guerra ©EGEAC/José Frade 
Nunca foi palavra Sempre sentimento que é movimento Já nasceu sentimento Liberdade é o movimento Tempos do lutar que acolhem fragmentos Tempos do poder que jogam constrangimentos Nunca brisa, toda ela é vendaval Liberdade é o momento | Telma Tvon ©EGEAC/José Frade 
liberdade sem religião, nem cura nem terço, sem abrigo liberdade de abraçar os demónios mais cruéis porque o segredo da liberdade é deixá-los passar por aqui. | Raquel Lima ©EGEAC/José Frade 
ABRIL, ALEGRIAS MIL O sorriso sem razão A flor depois do adeus O beijo enlaçado, a liturgia da rua A eternidade ferve em poucas palavras No calendário eterno de um só mês: 25 de Abril sempre! | Aldina Duarte ©EGEAC/José Frade 
O QUE EU QUERO É ESCREVER O TEU NOME NA PAREDE NA OUTRA PAREDE NA FOLHA DA JANELA NO PÉ DO CANDEEIRO NO PASSEIO NA OMBREIRA NA PORTA NO CORRIMÃO NOS DEGRAUS POR DEGRAUS POR ELE ENTRAR ENTRAR POR ELE EM CASA | Luísa Costa Gomes ©EGEAC/José Frade 
Democracia: Qualquer dia inicial, inteiro e limpo Em que continuemos a entender que a febre de poder e a loucura da destruição Não valem a mais anónima vida da mais mínima das criaturas | Tatiana Faia ©EGEAC/José Frade 
Liberdade, disseste tu. E eu calei-me a medo porque o medo era ainda senhor. Liberdade, insististe. Pegaste na minha mão e tiraste-me o medo. Liberdade, digo-te todos os nossos dias. | Patrícia Reis ©EGEAC/José Frade 
E encostada à música, essa palavra nova nascerá: rota dos olhos que não viram nada, mas com peixes ao fundo, multiformes, a voz sem palco e tudo a acontecer — como primeira vez — | Ana Luísa Amaral ©EGEAC/José Frade 
"Bilhete à Sophia De onde submergimos ao ruir das trombetas e cavamos os túneis rumo à aurora dos tempos converteremos a madrugada que esperamos em eternidade deste abril refeito no agora | Manuella Bezerra de Melo ©EGEAC/José Frade 
Sobre o peito Seja o cravo apenas Flor | Ana Paulo Inácio ©EGEAC/José Frade 
Vem ciclónica essa luz que te vai mordendo o rosto Agita-te, descalça-te de sossego, pois que já o sabias: Nenhum dia será teu sem liberdade | Cláudia R. Sampaio ©EGEAC/José Frade 
gente sem voz não se cansa de gritar | Francisca Camelo ©EGEAC/José Frade 
Liberdade, quero a prisão dos teus braços. | Dulce Maria Cardoso ©EGEAC/José Frade 
ARRANJAR MORANGOS EM ABRIL Sabe bem poder sujar as mãos de coisas limpas. | Filipa Leal ©EGEAC/José Frade 
Liberdade Uma caneta na mão e os pássaros todos a voar Boca cheia de verbo e de vontade (E mulheres que dançam até ao amanhecer). | Capicua ©EGEAC/José Frade 
O mal alimenta-se do silêncio. Ergamos, pois, a nossa voz. | Filipa Fonseca Silva ©EGEAC/José Frade 
Mas um dia, este dia, será o dia do idílio. Os rapazes ainda não desistiram de soltar os braços dos escravos. E os escravos ainda não renegaram a cor dos cravos. Ainda estamos no princípio desse dia. | Lídia Jorge ©EGEAC/José Frade 
25//22 no momento em que a europa estremece olhamos a balança de pratos suspensos no 48 e prosseguimos a ode infinita: hoje é a noite certa para a vida | Rosa Oliveira ©EGEAC/José Frade 
As aves são capazes de emitir quarenta e cinco notas por segundo. Apanhamos uma pomba e oferecem-nos uma orquestra. | Filipa Martins ©EGEAC/José Frade 
Que venha quem vier por bem mas não se trate com desdém quem tratou deste lugar | A garota não ©EGEAC/José Frade 
Sem liberdade não há felicidade. | Adília Lopes ©EGEAC/José Frade 
A minha boca é uma cidade A minha boca é um país Aqui, na minha boca, a liberdade | Rita Capucho ©EGEAC/José Frade
Palavras de Abril
















































Reunimos pensamentos, versos, aforismos, que renovam os valores de Abril, da Democracia, sob o signo da Liberdade. Convidamos 48 mulheres (escritoras, poetisas, cantautoras) a criar palavras que ficarão pintadas no chão da cidade, acessíveis e visíveis a todos.
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